Dirigentes da UNESCO e autoridades políticas argentinas afirmam a importância dos princípios que orientaram a Reforma Universitária de Córdoba
Marcílio Lana / Os 23 mil metros quadrados do Orfeo Superdomo, espaço multiuso da cidade de Córdoba, experimentaram uma tarde diferente nesta segunda-feira (11/06). Acostumado a espetáculos artísticos e eventos esportivos, o complexo foi ocupado por acadêmicos, dirigentes de universidades e de instituições de ensino superior, estudantes, trabalhadores, representante de redes, de associações profissionais e centros de investigação, sindicatos, organizações governamentais e não governamentais e interessados na educação superior. O Orfeo foi o espaço escolhido para receber a cerimônia de abertura da Conferência Regional de Educação Superior (CRES) 2018, que acontece entre 11 e 15 de junho.
Cerca de cinco mil pessoas estiveram na cerimônia de abertura, iniciada com uma mesa inaugural formada por dirigentes da UNESCO e autoridades políticas argentinas. Francisco Tamarit, coordenador geral da CRES 2018, o primeiro a se dirigir ao público, afirmou que a educação superior precisa ser reconhecida e reafirmada como "direito universal e compromisso público”. Tamarit defendeu que “como os jovens reformistas de 1918, devemos lutar por liberdades que nos faltam. Encontremos sempre a força de trabalharmos para acabar com a pobreza. Esse deve ser o propósito da educação superior em nossa região”.
O intendente de Córdoba, Ramon Javier Mestre, no cargo desde dezembro de 2011, destacou que “as universidades têm a responsabilidade de fazer a diferença. É necessário que deixemos de ter universidades replicadoras e passemos a ter universidades inovadoras”. O administrador da cidade sede da CRES 2018 aproveitou para dar boas vindas a todos os participantes e a todas as instituições de ensino superior e organizações vinculadas à educação superior.
Stefania Giannini, diretora geral adjunta da UNESCO para a Educação, se dirigiu a plateia em três línguas (espanhol, inglês e italiano) reafirmando o compromisso e a necessidade do reconhecimento das diferenças regionais. Stefania destacou que a defesa da educação como direito humano fundamental é a missão mais importante da UNESCO no momento. Para ela, a CRES 2018 é essencial para colocar a educação superior no centro da agenda política de todos os governos. “Córdoba é o local perfeito para nosso encontro”, salientou. Ainda segundo a dirigente da UNESCO, “o grito de Córdoba deu início às transformações que ainda se fazem necessárias nos dias atuais”.
Em tupi-guarani, o diretor do Instituto da UNESCO para a Educação Superior para a América Latina e Caribe (Iesalc) e coordenador da CRES 2018, Pedro Henirquez Guajardo, saudou os presentes. Em seu discurso, com trechos em português, espanhol e inglês, ele afirmou que a adoção de políticas públicas na região é um desafio em razão da heterogeneidade dos sistemas educacionais. “Efetivamente, somos diversos, mas, da mesma forma, somos assimétricos”, destacou. Para Guajardo, a terceira Conferência Regional de Educação é determinante para assumirmos que há compromissos pendentes em nossos sistemas em torno da cobertura, da qualidade, da inclusão. “É preciso debater, dialogar, reconhecer consensos e dissensos”, reforçou.
O reitor da Universidade Nacional de Córdoba (UNC) e co-anfitrião da Conferência, Hugo Juri, destacou que as comunidades acadêmicas têm uma importante missão pela frente: enfrentar o Banco Mundial que apresenta a educação como bem individual. O reitor da UNC salientou que “voltam a surgir com força atores que querem privatizar o sistema público de educação. A nossa resposta deve ser a reafirmação doa princípios doutrinários e dos objetivos CRES 2008”. “Este é um momento histórico. Este é o nosso momento histórico”, completou.
O encerramento da sessão de abertura coube ao Ministro da Educação da Argentina, Alejandro Oscar Finochhiaro. Sob protestos de estudantes presentes à cerimônia de abertura da CRES 2018, o ministro destacou que a universidade deve servir à sociedade. “Esta conferência é um espaço sério de análise, de fortalecimento das instituições universitárias”, afirmou. Finochhiaro destacou ainda que a educação deve ser como percebida como instrumento para a superação das desigualdades e para a promoção de uma cultura de paz.